Novos começos

Nunca é tarde para voltar atrás, por mais grave que o erro tenha sido. Faz parte do ser humano. Errar, corrigir, seguir em frente. Pior seria persistir no erro. Deixar-se iludir por realidades que nunca serão as nossas. Há quem diga que para na vida só não há remédio para uma coisa. E essa coisa é justamente quando ela acaba.
Até lá, vamos dando passos certos ou errados, convictos ou inseguros, sempre com a possibilidade de recuar na marcha e tomar novos caminhos. E é maravilhosa essa capacidade do ser humano. Essa força que nos faz erguer após as adversidades e que nos faz encontrar em cada novo luz uma esperança.

A Lenda da Flor de Lótus e a sua ligação ao Dia da Paz (8 de Maio)

 

 

Certo dia, à margem de um tranquilo lago solitário, a cuja margem se erguiam frondosas árvores com perfumosas flores de mil cores, e coalhadas de ninhos onde aves canoras cantavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o fogo, o ar, a água e a terra. 

– Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva – disse o fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.

É verdade – disse o ar.

– É um destino bem curioso o nosso.

À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.

– Não te queixes – disse a água -, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação.

Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão fogo, entra e sai por toda parte servindo a vida e a morte.

Eu faço o mesmo.

– Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar – disse a terra – pois estou sempre imóvel, e mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar no mesmo espaço.

– Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos – tornou a dizer o fogo – com discussões supérfluas.

É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontrarmos fora da forma.

Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união.

Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo.

Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído.
Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. 
E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho. 
Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem. 

Ah! como ele era ingrato.

Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os.
Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico.

Porém a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos.

Aproximando-se o momento de se separarem, pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro.

Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Houve muitos projetos que foram abandonados por serem incompletos e insuficientes.

Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram:

– E se construíssemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela?

 

…..

– A idéia pareceu digna de experiência.

Eu porei as melhores forças de minhas entranhas – disse a terra – e alimentarei suas raízes.

– Eu porei as melhores linfas de meus seios – disse a água – e farei crescer sua haste.

– Eu porei minhas melhores brisas – disse o ar – e tonificarei a planta.

– Eu porei todo o rneu calor – disse o fogo – para dar às suas corolas as mais formosas cores. Dito e feito.

Os quatro irmãos começaram a sua obra. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores.

O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha.

Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. 

Consultaram-se os astros, e foi fixada a data de 8 de maio – quando a Terra está sob a influência da Constelação de Taurus, símbolo do Poder Criador – para a comemoração que desde épocas remotas se tem perpetuado através das idades.

Foi espalhada esta comemoração por todos os países do Ocidente, e, em 1948, o dia 8 de Maio se tomou também o “Dia da Paz”.

 

* Tirado daqui

Viagens…imaginárias

navio (2)

 

Imagino-me no fundo da rua, embalada pela brisa fresca que vem do mar. Ali naquele cantinho, junto à praia, faço da escadaria branca um banco improvisado. Ali, deixo-me viajar por esse mundo tão imenso e com tanto por explorar. Quem me dera ter asas para voar até ao navio que passa lá ao longe na linha do horizonte e ali pousar. Não preciso sequer saber o destino. Nesta altura em que o mar é demasiado grande e a ilha tão pequena basta partir para qualquer lugar. Por uns dias, semanas meses. E voltar, se voltasse, pronta para retomar o que deixei. Era tão bom se pudéssemos colocar a vida em stand by, se nos fosse concedido realizar um desejo, por mais maluco que pudesse ser: saltar de um avião, escalar uma montanha, ser livre. Qualquer coisa. Qualquer coisa que nos libertasse da claustrofobia de uma ilha. A vida não nos devia impedir de viajar.

O que eu posso fazer

Sarah Klockars-Clauser/http://openphoto.net/

Cada dia que passa ficamos mais velhos. Essa é uma inevitabilidade La Palice é certo, mas ainda assim uma verdade a que temos que nos adaptar constantemente. Ao sabor dos 16/17 anos, a longevidade tem uma outra dimensão. Somos demasiado jovens para nos preocuparmos com certas questões que nos abalam em adultos.

Com o passar dos anos, essa linha da vida parece-nos cada vez mais curta e já não olhamos para aquela meta que ninguém quer alcançar como uma simples miragem, quase imperceptível à visão, mas como algo que se aproxima, discretamente, sem que nos apercebamos no dia-a-dia. E à medida que percorremos essa linha ficamos mais fragilizados, mais susceptíveis às doenças.

Dificilmente conseguiremos prever o que nos vai acontecer, mesmo que as probabilidades sejam acrescidas por estarmos inseridos num grupo de risco relativamente a determinadas patologias. No entanto, essa circunstância não implica que tenhamos de ficar de braços cruzados à espera que o destino decida a nossa sorte.

Nenhum estilo de vida é 100% eficaz contra as doenças, mas está mais do que sabido e comprovado que a alimentação e os hábitos que adoptamos no nosso quotidiano podem fazer alguma diferença.

Se no que no que diz respeito à alimentação e à prática de exercício físico sempre tive algum cuidado, talvez não estivesse assim tão consciente relativamente a outras questões, nomeadamente no que se refere aos produtos que utilizamos no dia-a-dia, em particular ao nível da higiene e da cosmética, a maior parte deles com substâncias comprovadamente nocivas à saúde ou sob suspeita.

Por vezes, precisamos que certos acontecimentos nos despertem para algumas questões. Porém, tal não implica que tenhamos de dar uma volta de 180º às nossas rotinas, atirando para o lixo tudo o que nos ‘ameaça’ fazer mal.

Tomar consciência de uma determinada problemática não pressupõe, a meu ver, atitudes radicais, mas sim passar a tomar decisões mais acertadas e saudáveis, ou seja, menos agressivas para o organismo e para o meio ambiente. O que nem sempre é fácil tendo em conta a pressão que nos é feita pelo próprio mercado.

Ainda assim, e também muito pela crescente reivindicação e preocupação dos consumidores relativamente a estas matérias, hoje em dia é possível encontrar soluções mais acessíveis, seja nas lojas tradicionais ou no grande mercado que representa a Internet.

Deste modo, com pequenos passos, podemos ajudar a tornar a nossa vida mais saudável, prevenir certas doenças e contribuir para um ambiente mais sustentável. A diferença pode ser feita por cada um de nós. Basta que tomemos consciência do poder que temos.

Nem sempre somos o que poderíamos ser

 

Não acredito que nasçamos moldados a uma determinada personalidade e não consigamos evoluir. A parte genética assume, a meu ver, uma parte importante da personalidade de cada um de nós, mas isso não significa que sejamos imutáveis.

A vida encarrega-se de nos mudar. Para melhor nalguns aspectos, para pior noutros.

Se no calor da adolescência assumimos qualquer problema como um drama, com a idade aprendemos a relativizar. Não se trata de atirar os problemas para debaixo do tapete, mas dar-lhes a devida importância e, por vezes, controlar o pânico inicial.

Se calhar, faz parte do processo de se tornar adulto. A maturidade faz-nos ver as coisas de outro prisma, mas não nos retira os medos e ansiedades. A idade ensina-nos a controlar as emoções, sobretudo, quando vivemos numa sociedade em que a exposição sentimental é vista com desdém.

Como se expressar que estamos felizes ou contentes pudesse colidir com a liberdade dos outros. Se choramos demasiado no funeral de um ente querido, logo nos chamam à atenção. Se pulamos de alegria porque recebemos uma boa notícia ou se, apenas porque nos apetece, agimos de forma espontânea não nos livramos de um dedo acusador ou de um gesto circular do dedo polegar em torno da cabeça a questionar se estamos tontinhos.

Por tudo isto, nos retraímos. Se nos apetece gritar ao mundo a nossa dor ou alegria, optamos pelo silêncio. Porque esse ainda não incomoda ninguém.

Aos poucos vamos deixando esfumar o nosso sangue latino, rendidos à condição do fado, lindo, mas igualmente triste e cinzento. E a cada cedência que fazemos a esta sociedade que tanto tem a apontar o mal nos outros, nos deixamos mais isolados em nós próprios, perdendo a capacidade de libertar o que nos vai na alma.

Ficamos presos a esse medo de expor os nossos sentimentos pelo receio do que vão achar de nós. Talvez, em vez de aprendermos a controlar essas emoções, devêssemos encontrar tácticas para pudermos exprimi-las. Cada um à sua maneira e medida.

O que não se fez

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Fico triste pelo meu País. Fico triste por todos os portugueses, mas e m particular por aqueles que hoje perderam mais uma oportunidade para demonstrarem que vivemos numa parte do Mundo que reconhece a liberdade, que pratica a tolerância de credos, raças ou orientações sexuais.

Fico triste porque a maioria dos que nos representam não quis dar mais um passo para que a nossa sociedade se pudesse orgulhar de não praticar a discriminação de pessoas que têm tanto amor para dar como todas as outras.

Fico triste, por uma vez mais a cegueira moral ter prevalecido, quando o que está em causa é a estabilidade de uma criança e o direito a ser criada por quem a ama.

Seja heterossexual ou homossexual, qualquer casal deve ser julgado e avaliado pelas condições que possui, ao nível físico, material e afectivo e não pelo facto de ter um(a) parceiro(a) do mesmo sexo.

O que está em causa, na lei que acabou de ser chumbada no Parlamento da República, é a negação a uma criança de continuar a viver no lar que sempre conheceu, em caso de morte da mãe ou pai biológico, pelo seu cônjuge, mesmo que com ele tenha convivido desde o nascimento. Aquele a que também chama pai ou mãe, mas que, por não ter um vínculo de sangue, poderá ser afastado à força da sua vida.

Por tudo, isso, e sobretudo a pensar nessas crianças, fico triste, por este passo, ainda tímido na conquista da igualdade de direitos e oportunidades, não ter sido dado.

Hope

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Como descrever a palavra vida quando não conhecemos o que lhe é oposto?
Como transmitir essa energia que nos invade, quando tentamos manter essa chama acesa, mesmo quando as forças se vão perdendo entre a dor e o desespero?
Como vencer a impotência de não poder fazer mais?
Há na doença uma força maligna que nos suga para a escuridão, mas, enquanto essa luz brilhar dentro de nós, há sempre espaço para a luta e para a esperança.
Mesmo que a chama ilumine agora com menor intensidade, a vida dá-nos forças para continuar a viver. Desistir não é opção.

O cancro é uma realidade, mas a persistência pela cura é uma guerra que não nos podemos cansar de travar.

Mulher dada como desaparecida junta-se ao grupo de buscas para se encontrar a si mesma

Por vezes todos nós precisamos nos encontrarmos a nós mesmos, mas não é necessário tamanho aparato. 🙂

“Uma turista de visita à Islândia participou em buscas para encontrar uma mulher dada como desaparecida, até que percebeu que a «desaparecida» era ela própria.

O insólito sucedeu a um grupo de turistas no canyon Eldgja, na Islândia.

Durante uma paragem do autocarro, uma mulher saiu para apanhar ar e aproveitou para mudar de roupa.

Quando voltou, os outros turistas não a reconheceram e rapidamente espalhou-se a palavra que havia uma pessoa desaparecida.

A mulher não se identificou com a descrição da desaparecida, e não compreendeu que se tratava dela própria.

Foi organizado um grupo de buscas com 50 elementos, e a guarda costeira já se preprava para activar o seu próprio mecanismo de buscas.

Só pelas 03:00 da manhã locais é alguém finalmente detectou o mal entendido, e que a pessoa que procuravam esteve o tempo todo com o grupo, apesar de estar com outra roupa.

As buscas foram então canceladas.”

In Diário Digital, 11-03-2014

O Mundo muda e nós mudamos com ele

http://stuffpoint.com

O Mundo mudou. Dentro de mim e à minha volta. À medida que vamos crescendo, em tamanho e em idade, a visão do Mundo altera-se dentro de nós. E cá fora o Mundo também muda. Mudam-se as modas, as tecnologias, os valores, os comportamentos. E no meio disso tudo, vamos ganhando e perdendo coisas. Algumas fazem-nos falta. E hoje acordei com saudades de muitas delas. Talvez por isso, ao ouvir as músicas da radio esta manhã, fui inesperadamente levada para outros tempos. Invadida por um sentimento nostálgico que me fez recuar, numa viagem imaginária, mas fundamentada por acontecimentos reais, de regresso ao passado. E há coisas que deixam saudades. Ao som de ‘I Dont Want To Talk About’ , de Rod Stewart, aterrei numa sala de aulas transformada em espaço de baile, onde, timidamente, eu a as raparigas da minha idade, esperávamos que o tal rapaz, com quem já trocávamos olhares há semanas, tomasse coragem para nos convidar a dar dançar um slow. Pena ter-se perdido este estilo musical. Era o momento mais esperado nas matinés e nas fugidas à discoteca no sábado à noite. ‘A menina dança?’, perguntaria José Duarte, aos microfones da RDP.
Nova música, nova viagem, desta vez ao som dos Sétima Legião. ‘Por quem não esqueci’. E, embora não tendo o sentido romântico da música, os meus pensamentos levam-me mesmo a alguém que não esqueci. “Procuro à noite um sinal de ti”. De noite, de dia, a toda hora. Um sinal, de que algures, quem perdi, esteja ainda de alguma forma junto de mim.
Recuo aos fins de tarde na casa dos meus pais, ao sinal do assobio que anunciava a chegada do meu pai, aos momentos de carinho com que saudava a minha mãe. Mesmo quando zangados, não deixavam o outro sair de casa sem um beijo de despedida. As saudades desse tempo, em que o tinha aqui, apertam o coração. A música acaba e a hora é de notícias. Deixo de viajar, mas o sentimento nostálgico fica.